Ostara.
Uma pequena pausa nos nossos estudos voltados para a
Mitologia Nórdica para falar desse momento do ano.
Vamos falar sobre o Equinócio de Primavera, chamado de
Ostara por muitas tradições Neopagãs. No Hemisfério Norte esse dia cai em 21
de Março e no Hemisfério Sul cai em 21 de Setembro. É exatamente o momento do
ano em que o dia e a noite se tornam iguais, harmônicos, de mesma duração.
O equinócio é definido como o instante em que o sol, em
sua órbita aparente vista da Terra, cruza o plano do equador celeste (a
linha do equador terrestre projetada na esfera celeste). Mais precisamente
é o ponto no qual a eclíptica cruza o equador celeste.
A palavra equinócio vem do latim, aequus (igual)
e nox (noite), e significa "noites iguais", ocasiões em que
o dia e a noite duram o mesmo tempo. Ao medir a duração do dia, considera-se
que o nascer do sol é o instante em que metade do círculo solar está acima
do horizonte, e o pôr do sol é o instante em que o círculo solar está
metade abaixo do horizonte. Com esta definição, o dia e a noite durante os
equinócios têm igualmente 12 horas de duração.
Comemoramos, portanto, durante o Equinócio de Primavera,
o primeiro momento em que o equilíbrio entre luz e sombra, harmonia entre Sol e Lua, se manifesta no nosso planeta.
Em galês esse dia é chamado de Alban Eilir, que significa Luz da Terra. É o momento de regeneração e fertilidade dos campos e animais. A
partir deste dia o Sol vai ganhando mais força, os dias irão começar a ficar
maiores do que a noite. O Equinócio de Primavera marca essa passagem no planeta.
Nessa época, os antigos pagãos aproveitavam para celebrar o plantio e a
colheita nova, época propícia para intensidades energéticas.
A dinastia dos antigos reis persas conhecidos como Achaemenians
comemorava o Equinócio de Primavera no festival chamado No Ruz, que significa
Novo Dia. É observada até hoje essa celebração de renovação e esperança em
alguns países persas e tem suas raízes no Zoroastrismo. No Irã, antes do No
Ruz, acontece o Chahar-Shanbeh Suri, quando as pessoas purificam suas casas e
soltam fogos de artifício para comemorarem o No Ruz.
Na Roma antiga, os seguidores de Cybele acreditavam que
essa Deusa tinha um Consorte que nasceu de uma Virgem. Seu nome era Átis, ele
morria e ressuscitava a cada ano no Equinócio de Primavera.
Já na Mitologia Anglo-saxônica, de onde vêm o culto
Neopagão de Ostara, o Equinócio de Primavera é baseado na lenda da Deusa
Eostre:
Eostre é uma Divindade muito obscura, sendo mencionada
uma única vez num texto nórdico, escrito no inglês antigo, chamado De Temporum
Rationale. Na verdade, o seu material é tão escasso que alguns acreditam que ela
não é uma Deusa e sim, apenas, o nome do Festival.
Seu nome está ligado à palavra “leste” e “brilhante”
(nascer do sol) e, portanto, relacionada à Deusa grega Eos (Aurora). Fica muito
difícil de se encontrar lugares onde teria sido adorada devido a relação do seu
nome com a palavra leste. O nome dela sobreviveu entre os alemãs antigos como
Ostara, portanto, ela também foi
cultuada por esse povo.
Para se compreender qualquer coisa sobre a Deusa Eostre (ou
Deusas cultuadas nessa época) devemos entender a mitologia teutônica que
sustenta que Ostara é a Deusa da Luz crescente da primavera. De acordo com os
costumes dos teutônicos, lindas donzelas se vestiam de branco nessa época e
pegavam água em riachos na manhã do equinócio, pães assados eram partilhados e
comidos e fogueiras eram acesas. Também a Runa Gebo representava para esse povo
a cruz, união e parceria, equilíbrio entre os opostos. Harmonia.
Toda essa relação é feita pelo historiador Kveldulf
Gundarsson, que faz uma acossiação de Eostre com a Deusa Nórdica Iduna. A Deusa
esposa de Bragi, Senhora da poesia, de acordo com a Prosa de Edda (ou Edda em
Prosa) é responsável pela segurança do Pomar Sagrado cujas maçãs permitiam aos
Aesir restaurarem a sua juventude durante toda a eternidade. Hodge Winifred,
por outro lado, vê Eostre como sendo a mesma Deusa celebrada em Walpurgisnacht
(uma festa de primavera tradicional do Norte da Europa, ligada a fogueiras e
muita dança) chamada Holda, um tipo de Senhora das Bruxas da meia noite. O que é
uma grande diferença, já que Eostre é uma Deusa da luz e da harmonia entre luz e
sombra.
Ostara é a Deusa da fertilidade, de acordo com algumas
mitologias. Associada à Lebre.
Tal mito conta que Ostara tinha um grande carinho por
crianças, pela juventude em si. Um dia, ela estava sentada em um jardim, cercada
de crianças, quando um pássaro voou sobre todos e pousou na mão da Deusa.
Ostara (ou Eostre) transformou o pássaro em uma Lebre, por ser este o seu
animal preferido, e as crianças ficaram maravilhadas com o grande feito. Porém,
com o passar do tempo, as crianças perceberam que a Lebre não estava feliz
porque não podia mais voar e nem cantar alegremente. As crianças pediram à Deusa
que revertesse o processo, mas ela não conseguiu voltar atrás. Quando uma magia é feita
não se pode desfaze-la. A Lebre permaneceu assim até que a primavera chegou e
o poder de Ostara aumentou. Foi quando a Lebre tornou a ser um pássaro apenas
por alguns momentos, momentos suficientes para que pudesse pôr alguns ovos em
agradecimento à Deusa e às crianças. Quando o encantamento passou e o pássaro
voltou a ser Lebre, esta pintou os ovos e os distribuiu pelo
mundo afora. E a Deusa Ostara, para mostrar ao mundo que um ato de Magia deve
ser um ato inteligente, pois não tem volta, esculpiu na Lua a imagem da
Lebre mágica para que, quando olharmos para a Lua Cheia, lembrasse-mos da lição.
Este mito é teutônico e anglo-saxão.
Para mais informações sobre o Equinócio de Primavera e o
resto a Roda do Ano aconselho o livro As Brumas do Tempo, de Rowena Arnehoy
Seneween.
- Postado por Sidhe Adharc
- Postado por Sidhe Adharc
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