Dando agora continuidade ao nosso caminho nas estradas da mitologia Nórdica vamos falar hoje sobre a cosmologia do mundo dos Vikings. A visão, ou percepção, que esse povo tinha do Universo era particularmente interessante porque na verdade, hoje em dia, a interpretação esotérica quer explicar a Existência como que sendo definida de uma forma parecida.
A Grande Árvore da Vida, ou do Mundo, chamada Yggdrasill, foi o lugar onde Odin esteve pendurado de cabeça para baixo por um longo tempo até encontrar as Runas, que são um conjunto de Sabedoria que revela todas as respostas. No entanto, temos a carta do Taroth que mostra um homem pendurado de cabeça para baixo, da mesma forma que Odin ficou, pelo pé. É a lâmina do Enforcado. De acordo com as interpretações cabalísticas o Enforcado está com a cabeça em Malkuth (o Plano Físico), mas com o pé em Tiphareth (o Plano Mental). A leitura das Runas, assim como de qualquer arte Divinatória, depende exatamente da ligação entre Mulkuth e Tiphareth. Ambos mundos são representações da árvore da vida cabalística.
A Yggdrasill possui Nove Mundos. Essa Árvore está no centro do cosmos e é feita de cinzas (talvez uma forma dos povos antigos interpretaram uma Nebulosa?) com três raízes, uma na terra dos Aesir, outra na terra dos Gigantes e outra na terra os mortos. A água que a raiz da terra dos Gigantes bebe vem direto das Fontes de Mimir, o Gigante detentor da Sabedoria e do Conhecimento. Já a água que a raiz da terra dos Aesir bebe vem da Fonte do Destino, cuja guardiã é Urõr. Uma das Norns. As Norns são as Guardiãs das Fontes que regam a Árvore. São três, uma para cada raiz. Urõr, Verdandi e Skuld. Dizem que essas três guardiãs não deixam os galhos de Yggdrasill apodrecerem. A água que elas usam para cuidar da Árvore do Mundo cai como orvalho no mundo dos mortais.
No galho mais alto da Yggdrasill mora uma águia, o bater de suas asas produz os ventos que sentimos no mundo dos mortais. Na raiz da Árvore está uma Serpente Gigante e um Dragão, presos, sendo impedidos de subir na Árvore.
A criação da Árvore, dos mundos conhecidos, parece muito com algum tipo de explosão realmente. Existia um mundo de fogo, luz e calor, chamado Muspellsheimr. E outro mundo de escuridão, nevoas, gelo e frio. Entre esses dois havia o Grande Ginnungagap, o Imenso Bocejo, ou Vazio escuro. Esse grande bocejo atraiu os dois mundos que existiam, o de Fogo e o de Gelo que, ao se chocarem, deram nascimento à Ymir, um Gigante feroz, primitivo e representante das forças do caos do universo. O primeiro homem e a primeira mulher nasceram de sua axila esquerda. De suas pernas nasceram os Jotnar que são Deuses Primitivos dos quais tanto os Aesir como os Vanir são inimigos. Apesar de que em algumas vezes alguns Jotnar se casam com uma das duas classes. Odin nasceu de Bor Buri, um Gigante que surgiu nesse caos de explosão de Fogo e Gelo.
A Árvore foi se formando aos poucos e os Mundos, Nove Mundos, foram surgindo e se ajustando. Midgard, que significa invólucro do meio, é o mundo dos humanos, dos mortais. Esse Mundo, ou Reino, é cercado por águas intransponíveis onde mora A Grande Jormungandr, uma Seperte que envolve o mundo inteiro e morde a sua própria cauda. Midgard também pode ser chamada de Terra (ou invólucro) Média(o). Ela fica exatamente no meio da Árvore. Foi formada com a morte de Ymir, sua carne e seu sangue formaram Midgard. Heimdallr é a Divindade que guarda a passagem que existe entre Midgard e Asgard. A grande Bifost, a ponte arco-íris. Heimdallr toca uma Trombeta de chifre que irá anunciar a destruição da ponte no dia de Ragnarok. Essa Divindade tudo vê, tudo ouve e tudo sabe.
Asgard é o Reino dos Aesir. Desse Mundo Odin e sua esposa Frigg reinam. Nesse Mundo está Valhalla, palácio celestial de Odin e o lugar-recompensa dos grandes heróis mortos em batalha, trazidos para cá pelas Valquírias.
A morada dos Vanir, o terceiro Reino de Yggdrasill, se chama Vanaheimr, ou casa dos Vanir. Como já dissemos a cerca de Freyr e Freyja, os Vanir são os Deuses da fertilidade, sabedoria e luz. Acrescentamos aqui que esses Deuses têm a capacidade de ver o futuro.
Jotunheimr é o mundo dos gigantes dos quais mencionamos no início, os Jotnar. Deuses Primitivos e do caos, são todos de Gelo, ou pelo menos considerados como habitantes do Gelo. Existe uma montanha na Noruega que se chama Jotunheimr.
O próximo mundo, ou Reino, é Àlfheimr. O lar dos Elfos, seres de luz governados por Freyr que possuem a responsabilidade de fertilizar o mundo dos humanos.
Em seguida temos Hel, o Reino dos Mortos. Não é o local de recompensas por quem morre nas batalhas, Valhalla. Hel não é Valhalla. Aqui é o Reino da Deusa Hel (mesmo nome do seu Reino), a senhora dos mortos. Hel é filha de Loki, sendo nomeada por Odin para governar em Hel (Mundo). A aparência da Deusa Hel é dividida em duas cores, preto de um lado e branco de outro. Mostra aqui um tipo de dualidade, um equilíbrio entre luz e sombra. O Reino de Hel parece ser a representação de Yesod na cabalah, um dos aspectos do plano astral. A palavra Hel (ou Hell) de língua proto-germânica, significa aquela(a) que encobre algo, ou alguma coisa. Justamente uma alusão ao plano invisível, encoberto, escuro e escondido.
Em seguida temos o Mundo Svartálfar. A sétima manifestação de Yggdrasill. Esse é aspecto contrário de Àlfheimr. É o Reino dos Elfos Escuros, os Elfos das trevas. A descrição desses seres é muito similar à descrição dos duendes e gnomos. Em algumas interpretações mitológicas Nórdicas os Elfos Negros são chamados também de Anões, e Svartálfar é considerado, nesse caso, o mundo dos Anões.
O oitavo Reino é Niflheimr. O Mundo das brumas, ou névoas. Não fica claro se o lugar é um Reino próprio como os outros ou se é um intermediário entre Mundos. É um lugar de gelo Primordial, extremamente frio, com nove rios congelados. Esse Nifheimr é o que restou e tem o mesmo nome do mundo de gelo, frio e escuridão que se chocou com o mundo de fogo, luz e calor (Muspellsheimr) no meio do Grande Bocejo criando assim uma imensa explosão de onde saíram os Primeiros Deuses (Gigantes) e se formou a Yggdrasill. Esses dois Mundos primordiais se chocaram e causaram explosão, porém não se destruíram. Sendo exatamente Muspellsheimr o nono Reino da grande Yggdrasill. Esses dois ainda são paralelos um ao outro e Hel, o Mundo dos mortos que não foram levados pelas Valquírias existe dentro de Nifheimr. Os dois Mundos paralelos (Fogo e Gelo) representam os estados elétrico e magnético das propriedades dos elementos mágicos. A água, ou o gelo e as brumas, é magnética e o fogo é elétrico. A energia que se forma no choque entre os dois cria o eletro-magnetismo necessário para toda a manifestação dos elementos seguintes. É a união sagrada, ou o Hieros Gamos, entre o Masculino e o Feminino. Representados na Árvore cabalística da Vida pelos Mundos Binah (grande mar, água, negativo e magnético) e Chokmah (positivo, elétrico e fogo) que ao se cruzarem no Grande Abismo chamado Daath fazem surgir todos os outros Mundos da Árvore da Vida. Da mesma forma que Muspellsheimr e Nifheimr se chocam e se unem em Ginnungagap, o Grande Bocejo, abismo, vazio.
Peço perdão pela falta de detalhes dos quais, se forem postos aqui, daria um livro e não um texto simples como esse. A Mitologia Nórdica é inteligentemente rica e não pode ser resumida apenas à esse Blog.
- Postado por Sidhe Adharc
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